Para manter cinco filhos com faixas etárias próximas, meus pais tinham que ter muita criatividade para nos entreter, pois como sabemos, irmãos brincam, brigam, aprontam, se abraçam e todos querem a atenção dos pais. Sobrava para minha mãe tomar conta de nós durante o período que meu pai ia trabalhar. Para ajudá-la, tínhamos nossas tias e avós, que foram muito importantes para as nossas vidas. Nessa época, poucos lares possuíam televisão, lembro-me quando meu pai comprou a nossa primeira televisão, a marca era “Emerson”. Tivemos uma infância muito boa, brincávamos com nossos amigos, jogávamos bola na rua, bolinha de “gude”, fazíamos e empinávamos “pipa”; minhas irmãs, brincavam com bonecas e de casinha com suas amigas. Como fomos felizes! A noite, era a seção de leitura. Minha mãe nos reunia para contar estórias, histórias, “causos” de sua infância e nos mostrar livros ilustrados. Era o momento que ficávamos quietos e prestávamos atenção. De vez em quando, meu pai também participava das leituras. Chegou o momento da escola. Como minhas irmãs eram um pouco mais velhas que nós ( sou gêmeo), elas iniciaram o primário. Lembro-me de ver meus pais “tomando-lhes” as lições e auxiliando-as nas tarefas. Minhas irmãs foram nossas “professoras”. Elas mostravam seus cadernos, livros e nos ensinaram a ler e escrever algumas palavras. Nossos pais acompanhavam todo esse processo. Quando entramos na escola, no primeiro ano, nossa “tia”, dona Hebe, após nossa alfabetização, pediu para que todos os alunos tivessem uma caderneta de anotações. Nela, tínhamos que escrever sobre todos os alunos da classe, suas qualidades, parabenizá-los pelos aniversários e mensagens de incentivo. Trocávamos as cadernetas e líamos para a classe nossas anotações e dos nossos colegas de classe. Meu irmão estudava na minha sala de aula. Ao escrever na sua caderneta, coloquei a seguinte frase: “Recordando, recordarás esta recordação”. Simples, porém, anos mais tarde, nossa mãe encontrou nossas cadernetas e pudemos relembrar nossas anotações. Esses foram nossos contatos com a leitura e escrita. Hoje, apesar de termos nossas famílias, quando nos reunimos lembramos da nossa infância. Restou-nos grandes recordações, a principal de todas é a dos nossos pais que já faleceram e foram nossos Heróis, na vida e na nossa educação. Relato de Geraldo José Brancalion Cabral
Para manter cinco filhos com faixas etárias próximas, meus pais tinham que ter muita criatividade para nos entreter, pois como sabemos, irmãos brincam, brigam, aprontam, se abraçam e todos querem a atenção dos pais. Sobrava para minha mãe tomar conta de nós durante o período que meu pai ia trabalhar. Para ajudá-la, tínhamos nossas tias e avós, que foram muito importantes para as nossas vidas. Nessa época, poucos lares possuíam televisão, lembro-me quando meu pai comprou a nossa primeira televisão, a marca era “Emerson”.
ResponderExcluirTivemos uma infância muito boa, brincávamos com nossos amigos, jogávamos bola na rua, bolinha de “gude”, fazíamos e empinávamos “pipa”; minhas irmãs, brincavam com bonecas e de casinha com suas amigas. Como fomos felizes!
A noite, era a seção de leitura. Minha mãe nos reunia para contar estórias, histórias, “causos” de sua infância e nos mostrar livros ilustrados. Era o momento que ficávamos quietos e prestávamos atenção. De vez em quando, meu pai também participava das leituras.
Chegou o momento da escola. Como minhas irmãs eram um pouco mais velhas que nós ( sou gêmeo), elas iniciaram o primário. Lembro-me de ver meus pais “tomando-lhes” as lições e auxiliando-as nas tarefas. Minhas irmãs foram nossas “professoras”. Elas mostravam seus cadernos, livros e nos ensinaram a ler e escrever algumas palavras. Nossos pais acompanhavam todo esse processo.
Quando entramos na escola, no primeiro ano, nossa “tia”, dona Hebe, após nossa alfabetização, pediu para que todos os alunos tivessem uma caderneta de anotações. Nela, tínhamos que escrever sobre todos os alunos da classe, suas qualidades, parabenizá-los pelos aniversários e mensagens de incentivo. Trocávamos as cadernetas e líamos para a classe nossas anotações e dos nossos colegas de classe. Meu irmão estudava na minha sala de aula. Ao escrever na sua caderneta, coloquei a seguinte frase: “Recordando, recordarás esta recordação”. Simples, porém, anos mais tarde, nossa mãe encontrou nossas cadernetas e pudemos relembrar nossas anotações. Esses foram nossos contatos com a leitura e escrita.
Hoje, apesar de termos nossas famílias, quando nos reunimos lembramos da nossa infância. Restou-nos grandes recordações, a principal de todas é a dos nossos pais que já faleceram e foram nossos Heróis, na vida e na nossa educação.
Relato de Geraldo José Brancalion Cabral